sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Mulher que fez vídeo viral sobre autismo foi morta pela polícia

CBS News – 5/2/2016

Danielle, encostada à parede, com o cão Sampson ao seu lado.
Imagem do vídeo de Danielle Jacobs com Sampson.

 MESA, Arizona – A mulher que foi baleada e morta por policiais nas proximidades de Phoenix depois de, alegadamente, tê-los ameaçado com uma faca, tinha postado um vídeo popular no ano passado em que seu cão tentava confortá-la enquanto ela chorava e se batia.

Segundo a polícia, vários oficiais foram à casa de Danielle Jacobs na quinta-feira, em resposta a chamadas sobre uma pessoa que tentava suicidar-se no subúrbio de Mesa, em Phoenix (Arizona). Dois oficiais atiraram na mulher de 24 anos, porque se sentiram ameaçados quando, dentro de casa, ela avançou na sua direção com uma faca, disseram as autoridades.

Seu vídeo de 2015 a mostra chorando e se golpeando enquanto seu cão tenta acalmá-la, aproximando-se e erguendo as patas. A descrição do vídeo explica que mostrava o que é ter síndrome de Asperger que, segundo ela, era seu diagnóstico desde 2013. As pessoas com esse transtorno do espectro do autismo podem ser muito inteligentes e ter interesses restritos, às vezes obsessivos, e falta de habilidades sociais, muitas vezes.

– "Ela tentava compartilhar a luta das pessoas com Asperger e tirar o estigma de distanciamento", disse Heather Allen, fundador da HALO Animal Rescue, uma organização de Phoenix onde Jacobs tinha feito trabalho voluntário.

– "Também acho que pretendia mostrar o que um cão pode fazer para ajudar as pessoas com uma condição como a sua", acrescentou Allen.


Em um post junto com o vídeo, Jacobs disse que compartilhou o momento de forma crua para mostrar o que é viver com Asperger e aumentar a consciência sobre a doença, relata a afiliadada CBS, KPHO. A capacidade do cão para acalmá-la gerou um interesse generalizado e o vídeo se tornou viral. A estação fez uma reportagem sobre o vídeo em 2015.

A KPHO informou que Jacobs adotou o animal depois que passou um tempo de voluntariado para cuidar dele através da HALO.

Allen disse que chamou a polícia na quinta-feira para pedir que verificassem Jacobs, após ter recebido um e-mail suicida naquela manhã pedindo que alguém cuidasse do cão, Sampson. E questionou se teria sido necessário atirar em Jacobs:

– “Eu não estava lá, então não sei como ela estava se comportando", disse. "Eu gostaria que tivessem sido capazes de usar uma contenção não-letal, talvez pudessem ter usado um Taser ou uma arma beanbag. Ela não tinha uma arma de fogo. Tinha uma faca" – disse Allen. – "Acho que poderia ter havido uma forma melhor."

Os oficiais atiraram em Jacobs porque se sentiram ameaçados, disse o detetive Esteban Flores, porta-voz da polícia. Ela "avançou sobre os oficiais com uma faca e eles dispararam suas armas", disse.

Flores e outro porta-voz da polícia de Mesa não responderam imediatamente a vários pedidos de comentários adicionais na sexta-feira, mas o departamento agendou uma entrevista coletiva sobre a morte de Jacobs e as interações de policiais "com pessoas com doença mental."
O cão Sampson está agora com a família de Jacobs. Sua mãe diz que o animal "é o último pedaço de Danielle que eles têm".


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